sábado, 17 de setembro de 2011

A Evolução do Plágio

Todos sabemos que a internet, apesar de ter democratizado a informação, não tem apenas conteúdo útil ou verdadeiro. Seguindo a lógica do antigo adágio que diz que “quem ouve um conto, aumenta um ponto”, na internet esse conceito ganha asas, o que faz com que notícias, por exemplo, saiam do âmbito da realidade para o da ficção em um estalo de dedos.
Diferentemente do passado, quando nós tínhamos de memorizar páginas e páginas de conteúdo para fazer as provas no final do bimestre, hoje esse conteúdo está disponível online, e a pergunta que o aluno do fundamental se faz é: “para que memorizar tanto conteúdo, se o que eu precisar eu encontro no google?”. E é verdade, embora concordemos que todos necessitamos de uma determinada parcela, mínima, de informação sempre a disposição em nossa mente para podermos atuar como seres humanos inteligentes e vivendo em sociedade.
Com tanta disponibilidade de dados, a velocidade e facilidade com que conteúdos são copiados e replicados acaba por, às vezes, colocar em dúvida quem realmente criou e quem copiou, o que em nosso vernáculo é conhecido como plágio. Mas não podemos creditar apenas à internet o uso do plágio. Durante o ensino fundamental ou médio, quando não havia internet, nós alunos de décadas anteriores a de ’90 utilizávamos os livros e enciclopédias impressas para copiar conteúdo em atendimento aos deveres escolares. É bem verdade que, a princípio, o intuito dos professores é que aprendamos através da cópia e repetição, o que realmente funciona, mas com o passar do tempo e, principalmente, durante o ensino médio, essa é uma metodologia que deve ser descartada e dar lugar a metodologias ligadas à interpretação, descrição, resumo e síntese de textos. O objetivo, portanto, seria acabar com o velho hábito da cópia e criar no aluno do ensino médio ou superior não apenas o hábito da compilação e síntese de idéias, como despertar no profissional que está entrando no mercado de trabalho a curiosidade e a criticidade, habilidades fundamentais para quem necessita navegar com propriedade nesse emaranhado de informações que é a internet, sem se perder e sem utilizá-las indevidamente.
A verdade, no entanto, é que muitos alunos chegam à universidade sem exercitarem a forma correta de utilização do que encontram na internet, e mediante tanta facilidade e disponibilidade, acabam fazendo da cópia a solução para suas atividades acadêmicas, o que traz uma conseqüência extremamente nociva: a possibilidade deste acadêmico entrar no mercado sem ter exercitado a capacidade de identificação de situações problema, levantamento de causas, avaliação de opções e aplicação de uma solução, a rotina primária da resolução de problemas e tomada de decisão, habilidades fundamentais para quem quer evoluir em um mercado cada vez mais competitivo.
E você, caro leitor, acha que o plágio deve realmente ser combatido, ou será que tudo isso não passa de um devaneio docente?
Jefferson Dias